Inovação, para não ser mais um na multidão

“As pessoas associam inovação a tecnologia.
Não percebem que inovação é tudo que ajuda um produto a brilhar”


Não sei se foram exactamente estas as palavras, mas é assim que eu recordo a frase do cliente. 

Discutíamos o calendário de acções para o Natal, como superar a concorrência e chegar ao consumidor. Falávamos de doçaria conventual e como o facto de puder agora ser a comercializada congelada (aumentando o prazo de validade de 21 dias para 12 meses) tinha mudado totalmente a forma de venda.

Dei por mim a pensar que de facto é um erro comum associar a inovação à tecnologia. Outra associação comum é que a inovação implica sempre custos elevados. Atendendo ao artigo publicado no Dinheiro Vivo no passado dia 28 de Junho, estas associações tendem a sair reforçadas.

Quer isto dizer que a inovação é inacessível para pequenas e médias empresas sem base tecnológica? A resposta é não.

As PME sem base tecnológica são talvez o grupo de empresas que inova com melhor rácio de sucesso. Em grande medida porque estão pressionadas pelo mercado para o fazer. Pressionadas para melhorar a sua competitividade, ganhar diferenciação e optimizar recursos.
 
Por vezes a inovação requer investimentos complexos, sobretudo se implica alterações ao nível da produção. Em outras ocasiões os custos são menores, mas em ambas situações o maior requisito é a vontade de inovar e a resiliência em implementar a inovação.

Tomemos o exemplo da Fabridoce. Empresa experiente na produção e fornecimento de doçaria conventual investiu no desenvolvimento da gama Gelados de Portugal. Concentrada em sabores tradicionais portugueses inovou ao apresentar uma gama de sabores tipicamente nacionais conquistando um nicho de mercado num segmento historicamente dominado pela "Olá".

Diferente caminho fez a Ideal & Co. Com alguns anos de experiência no sector têxtil e uma tradição familiar na área dos curtumes, os designers Rute Vieira e José Lima reinterpretaram o conceito mais tradicional da mala em pele e criaram uma gama de produtos que no espaço de um ano está disponível em lojas na Europa e Austrália. Apostaram no design, em matérias-primas de inquestionável qualidade e em importantes valores ambientais e sociais.

O projecto DARONO parte da inspiração com a natureza aliada à tradição. Um projecto ainda jovem que ganhou notoriedade internacional com as suas peças coloridas utilizando materiais amigos do ambiente. Peças inspiradas no que é tradicional e reinterpretado com cor em diferentes aplicações.
 
Em comum estes projectos têm o facto de serem orgulhosamente 100% portugueses, respeitarem um legado de 900 anos de história inovando formatos e experiências de consumo. 

Três exemplos de empresas sem base tecnológica que no último ano conquistaram clientes em Portugal e internacionalmente, apostando na inovação como factor de diferenciação e competitividade.  
Votos de uma excelente semana

* Artigo originalmente publicado em 10 de Julho de 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário