ser o melhor é um desafio permanente

O sonho de boa parte das empresas é criar uma reputação de especialista na sua área de negócio junto dos seus clientes e fornecedores. Alcançar este reconhecimento é normalmente fruto de anos de experiência e um bom esforço de comunicação.

É por isso intrigante que empresas que alcançam este patamar (e conscientes do esforço que fizeram para o alcançar) arrisquem a sua posição por um novo projecto onde encontrem maior motivação. 

 
Photo Credit Andrew D. Bernstein. (clicar na imagem para a aceder à reportagem).
Aclamado como o maior basquetebolista de sempre, Michael "Air" Jordan competiu profissionalmente na NBA durante 14 temporadas conquistando 6 campeonatos, a medalha de ouro nas olimpíadas de 1992 e dezenas de troféus individuais. “Air” Jordan era (porventura ainda é) a imagem maior da modalidade a nível mundial.

Surpreendentemente em 1993 após a conquista do terceiro campeonato consecutivo, Jordan decide abandonar a modalidade alegando cansaço e desmotivação. Decide dedicar-se ao basebol, assinando em Março de 1994 pelos Birmingham Barons (uma equipa das divisões inferiores da liga de basebol americana).

 
Photo Credit Jonathan Daniel (clicar na imagem para a aceder à reportagem).
A experiência não corre bem e apenas um ano passado, Jordan regressa aos Bulls para conquistar mais 3 títulos consecutivos da NBA. Regresso saudado, que ainda assim deixou marcas a Jordan e aos seus patrocinadores. Michael arriscou o basebol alegando que perdeu motivação para jogar basquetebol. Não está em causa o direito de buscarmos novos caminhos para ser felizes, mas as motivações para mudar a estratégia de negócio.

Este período baseboliano de Air Jordan tem recorrentemente paralelo no mundo empresarial, quando as empresas decidem mudar de registo porque ser o melhor na sua arte já não é motivação suficiente.

É lícito e saudável que as empresas procurem diversificar a sua área de actuação. O que deve ser devidamente acautelado é que a nova área de negócio não absorva recursos (produção, marketing, esforço comercial) afectos à actividade existente de forma a condicionar o seu funcionamento.

Esta é uma matéria de decisão muito cuidada. Demora anos a construir uma marca / reputação, pelo que decidir redirecionar parte dos recursos para novos projectos só faz sentido se:
  • Representar um alargamento da área de especialidade, mantendo o mesmo foco de comunicação.
  • Representar um investimento noutra area de negócio com potencial de crescimento (mercado que não seja maduro) e seja promovido do separadamente da actividade original.

A razão pela qual estas duas condições devem ser respeitadas pela maioria das pme’s é simples: a reputação como especialista é consequência de experiência comprovada e capacidade de comunicação. Ambos costumam ser recursos limitados nas empresas.

Votos de uma boa semana,
Carlos Coelho
Senior Partner @ The Portuguese Diet

(texto publicado originalmente em  18.Agosto.2015 newsletter quinzenal The Portuguese Diet)

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